Vimos
anteriormente a ação da Maçonaria e dos maçons no torvelinho da
História, maçônica e não-maçônica. Vimos também variadas concepções de
Maçonaria, todas dentro do princípio de que ela é uma Instituição que
contribui de fato para o aperfeiçoamento do homem. Vimos os matizes
estratégicos utilizados pela Ordem para cumprir o seu papel em
determinadas latitudes, alguns carregados das cores vivas da ideologia
libertadora.
E hoje,à época da cibernética, da internet e do teleprocessamento de dados via
satélite, que aproxima as antenas dos satélites às antenas das
televisões e aos computadores domésticos, mas que nem sempre aproxima os
homens, embora os contornos de seus rostos, as suas expressões de
alegria, contentamento, sabedoria e dor, sejam vislumbrados por um
número cada vez maior de pessoas, onde a aldeia global é uma realidade e
os fatos que ocorrem nessa aldeia são vistos imediatamente por milhões
de pessoas, qual é o seu papel?
A Maçonaria está declinando? Ela não influencia mais na vida sócio-política do País?
O
nosso entender é que a Maçonaria como qualquer instituição
contemporânea está passado por um momento de transição. Toda a sociedade
contemporânea está. E essa é a melhor hora de encontrarmos o nosso
caminho, a hora certa de darmos os contornos de nossa Instituição e de
nós próprios, de tal maneira que o seu ideário seja preservado, visto
que ele é uma das razões de sua sobrevivência, e possamos nos sentir
úteis e participantes ativos do processo de desenvolvimento de nossa
terra, de nossa gente e de nossa Instituição.
O maçom pode
influir na vida diária de sua família, de seus amigos, de seus vizinhos,
de sua cidade, de seu Estado e de seu País, utilizando o ideário
maçônico como o corolário de sua vida não-maçônica e maçônica.
Esse
ideário que faz com que, nas Lojas Maçônicas, estejam na mesma coluna, o
mais alto personagem da sociedade e um representante da parcela mais
modesta dessa mesma sociedade, ambos cingindo o mesmo avental, que
reveste todos os maçons, independentemente de seus graus e qualidades.
E
esse ideário, em seu aspecto mais factível, está expresso na trilogia
que é a sua divisa - LIBERDADE - IGUALDADE - FRATERNIDADE, pois se
praticarmos o exercício da liberdade, seremos livres para progredirmos,
para crescermos e contribuirmos para que os outros, ao nosso derredor,
também cresçam; se praticarmos o exercício da igualdade, ele nos
permitirá um avanço enorme no relacionamento interpessoal, que por
conseqüência, gerará uma forma de atuação em todos os níveis, onde, cada
um de acordo com as suas aptidões e capacidades, pode contribuir na
construção do homem-maçom e do mundo maçônico, pois somos todos obreiros
da paz; e, se praticarmos o exercício da fraternidade, a nossa
Instituição será unida e forte, pois o seu pressuposto basilar é o de
considerar todos os maçons como irmãos, e a fraternidade é o veículo
maior que proporcionará o soerguimento da Ordem, como já o foi no
passado, como deve ser hoje e necessariamente, como deverá ser amanhã.
As
nossas decisões no mundo não-maçônico devem refletir o ideário
maçônico, pois assim estaremos contribuindo para o engrandecimento de
nossa Ordem e ao mesmo tempo dando um contributo ao Estado onde a
Providência nos colocou, vazado no mais puro e real patriotismo.
O
papel do maçom numa sociedade moderna, ultra especializada e altamente
tecnológica, é o que propõe o nosso programa de trabalho: usar a ciência
e a tecnologia, que nos proporcionarão novos recursos e formas de
realizarmos as tarefas diárias, sem nos afastarmos um milímetro de
nossas tradições: morais, intelectuais, culturais, ritualísticas e
esotéricas; cabe ao maçom no mundo não-maçônico a busca dos paradigmas,
tão reclamados pela sociedade hodierna, que possam determinar a ética
das relações Homem-Tecnologia, Ser-Máquina, pois assim estará
contribuindo para que as grandes conquistas científicas e tecnológicas,
possam servir aos objetivos traçados pela nossa Ordem, que busca a
felicidade e a paz da Humanidade; que as máquinas não desumanizem o
relacionamento humano, mas que possam ser ferramentas que auxiliem o
progresso da Humanidade. Cabe ainda ao maçom, lutar para que as
conquistas científicas e econômicas possam contribuir para o equilíbrio
social, através da divisão fraternal dos bens sociais. E enfim, pugnar
para que a cada um, dentro de suas capacidades, sejam dadas as
oportunidades de alto-realização e do exercício consciente da cidadania,
através de um processo educacional da consciência dos direitos e
deveres da pessoa.
O nosso papel na Ordem, nesse limiar de
terceiro milênio, pode ser desempenhado das mais variadas formas: do
dedicado estudo e pesquisa dos aspectos esotéricos e iniciáticos; da
busca incessante da compreensão de nosso papel social, orientada
seguramente pela experiência do passado; até à prática desinteressada da
filantropia, que procura minimizar a cruel desigualdade social de
nossos dias.
Várias atitudes poderão ser utilizadas para
contribuirmos com o início de uma tomada de posição, quanto ao atual
estado de coisas que reina na Ordem Social de nosso País.
Por
exemplo no campo cultural, (onde a Maçonaria atua de duas formas: -
exogenamente, através das escolas ao longo de todo o território
nacional, onde os seus adeptos levam o ideário maçônico para as salas de
aula, do pré-escolar a universidade; e, logicamente, também pela
educação endógena, a cultura maçônica pode ser vivenciada em toda a sua
plenitude nas Lojas Maçônicas, as células mater da Ordem, onde o quarto
de hora de estudo, ou o tempo de estudo, é a prova maior disso, e também
nos setores culturais das Organizações Para-Maçônicas em todo o mundo),
nós podemos desenvolver um programa de ação cultural através das Lojas e
das Organizações Para-Maçônicas com a realização de Mesas Redondas,
Simpósios, Congressos, Seminários; através da publicação de artigos em
periódicos, como jornais, revistas e livros, e do uso da Internet, que
permitam levar aos não-maçons a Ordem e o seu ideário, logicamente,
dentro de sua realidade sócio-histórica, visto que da realidade
esotérica e iniciática, somente os iniciados, tem condições reais de
saber.
No campo filantrópico, onde nossa Ordem vem operando
através dos CLUBES FEMININOS das Lojas, intensificar a presença maçônica
e para-maçônica na administração dos fundos de recursos sociais
estatais, que levam aos mais necessitados a assistência social, buscando
através da moral e da ética da Ordem, moralizar a gestão desses
recursos hoje sabidamente desperdiçados e desviados. E para atingir este
objetivo, intensificar a ação política da Ordem, através do apoio aos
Maçons que se candidatem, exerçam ou venham a exercer cargos públicos
eletivos.
E no campo da filosofia e do aspecto progressista da Ordem, qual será o nosso papel?
Em
que se configurará a nossa ação no campo filosófico? Cremos que a nossa
conduta ética, dentro e fora da Ordem, na senda do ideário maçônico,
pode ser a resposta para essa pergunta.
E a Maçonaria será
progressista em que aspecto? Cremos que um dos aspectos do progresso na
Maçonaria está em fazer crescer o homem maçom a partir do momento em que
ele é iniciado, desenvolvendo o crescimento individual do Homem, Ser
livre, respeitado-o como livre pensador na busca incessante da verdade, a
todos ela dá o direito da expressão consciente do pensamento, com a
correlata responsabilidade e pelo fato de ser adepta de um sistema de
valores, por muitos considerado arcaico, pois está preso a antigas
tradições, mas ai está a grande contradição, "NOVAE SED ANTIQVAE", Nova
mas Antiga.
Se não fora a liberdade individual do maçom em contra
ponto a manutenção das tradições da Ordem, a nossa Instituição não
estaria atravessando a noite dos tempos e se fazendo presente hoje em
todos os quadrantes da terra, literalmente falando. Ela nos traz algo
que faz com que nos sintamos úteis e que estamos crescendo, quer seja
essa percepção consciente ou não, fazendo com que alguns atinjam mais de
meio século de vida maçônica.
É lógico que, no conceito
crescimento, o número parece ser uma preocupação constante no mundo
moderno e a Maçonaria enquanto integrante dessa sociedade não está
aquém, enquanto prática, da análise numérica, embora ela não tenha se
revelado salutar para a Ordem. E um fato que temos de conviver com ele,
fazendo contudo um trabalho para que o objetivo numérico não supere a
tão almejada qualidade de nossos quadros. A nossa meta tem que ser a
qualidade, logicamente dentro das necessidades atuais da Ordem. E em
nós, os padrinhos reais e potenciais, está a maior parcela de
responsabilidade neste porvir maçônico. É nosso entender que o número
futuro deva ser tal que possibilite o crescimento da Instituição não
apenas em quantidade, mas também em qualidade, aquela qualidade que
torna a Instituição respeitável, como é ainda hoje junto ao mundo
não-maçom, no uso de recursos públicos, nos trabalhos filantrópicos,
etc.
Mas, afinal qual é o papel futuro da Maçonaria, qual o papel do Maçom no mundo de amanhã?
Pelo
que foi aqui exposto, cremos sinceramente, havermos levantado o véu que
encobre os contornos do projeto que nos levará a uma ação eficaz e à
efetividade de nosso trabalho no terceiro milênio, portanto é hora de
ação, é hora de agirmos se quisermos a presença maçônica nos próximos
milênios.
Esse agir cabe a nós, que tivemos o privilégio de
termos tido antepassados que nos legaram a Ordem na qual estamos. É, no
mínimo, exigido de nós, que deixemos para as gerações futuras, uma
Maçonaria na qual elas também possam ver a Luz.
As ferramentas
básicas nós as temos: uma Instituição eclética e universalista que
abriga os mais variados matizes do pensamento humano e uma gama de
homens "livres e de bons costumes". Essa condição não a encontramos
facilmente nas outras organizações que permeiam o organismo social.
Meditemos a respeito de nosso futuro e peçamos ao
Grande Arquiteto do Universo, que é Deus, as luzes necessárias para
encontrarmos o caminho, como obreiros da paz que somos, nesse mundo
repleto de violência.
Os contornos do plano de nossa ação estão
na e para a Ordem, na e para a sociedade e são os mesmos contornos do
templo interior que deveremos construir como maçons e que nos é lembrado
semanalmente pela fórmula litúrgica" ... construir templos à virtude e
cavar masmorras ao vício".
Reflitamos intensa e ativamente
Irmãos, sobre tudo isso que hoje analisamos, trabalhando diligentemente
do "meio dia à meia noite".