O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (Bloco/PTB – RR. Sem apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente,
Srªs. Senadoras e Srs. Senadores, (Saudações aos convidados especiais, conforme relação da SGM).
Cultivando os mais altos valores da experiência humana, a maçonaria celebra nesta segunda-feira, 20 de agosto, o
Dia do Maçom.
É
momento de introspecção e de profunda reflexão acerca de uma história
extremamente rica, que se materializa no cotidiano da vida de milhões de
pessoas em todo o mundo. É momento,
também, de projetar o futuro de uma instituição que honra a humanidade.
Mais
uma vez, o Senado da República, atendendo Requerimento deste
Parlamentar, acolhido com simpatia e entusiasmo por Senadoras e
Senadores, celebra tão significativa data para
todos aqueles que observamos os preceitos e ensinamentos da maçonaria.
Ainda
hoje, em pleno século 21, é difícil asseverar-se como ou quando foi
estabelecida a fraternidade maçônica. Tem-se, a partir das pesquisas e
consequente convicção dos mais
avançados estudiosos, que a maçonaria forma-se nas corporações de
ofício — no caso, dos arquitetos e pedreiros — ainda na Idade Média.
O
Poema Regius, tido como o mais antigo documento sobre os maçons,
data de cerca de 1390. Recuamos, portanto, ao final do século 14, embora
o documento seja identificado como cópia de trabalho anterior.
Contudo,
apenas três séculos depois, em 1717, quando quatro lojas londrinas
reúnem-se para formar a Grande Loja da Inglaterra, é que se estabelecem
registros regulares acerca
da maçonaria.
A
partir de então, e em apenas três décadas, a fraternidade expande-se
pela Europa, chegando também às então colônias americanas. No chamado
novo mundo, a maçonaria encontra
solo fértil e expande-se, especialmente no que viria a conformar os
Estados Unidos da América.
George
Washington e Benjamin Franklin, dois dos pais-fundadores dos Estados
Unidos, estiveram diretamente envolvidos com a fraternidade. O primeiro
era maçom, e Franklin foi
chefe maçônico na Pensilvânia.
No
Brasil, a maçonaria encontra-se presente desde os tempos coloniais, com
registros entre os inconfidentes e integrantes da Conjuração Baiana, no
final do século 18.
No
período anterior à nossa independência, a maçonaria cumpriu papel
político relevante, mostrando-se decisiva na divulgação das ideias
liberais anticolonialistas.
Origina-se
nessa época a grande e decisiva influência no processo de nossa
independência de Portugal, e na formação e consolidação do que viria a
ser o Estado brasileiro.
Sem
qualquer exagero, é possível afirmar que a história da maçonaria entre
nós confunde-se com a própria história do Brasil. A primeira loja
maçônica em nosso território instala-se
em 1801, com filiação ao Grande Oriente da França.
No
final da primeira década do século 19 foram fundadas diversas lojas no
Rio de Janeiro e em Pernambuco, preparando a próxima criação do primeiro
Grande Oriente Brasileiro,
sob a direção de Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva.
Em
Andrada e Silva tivemos um dos mais combativos políticos brasileiros de
todos os tempos — deputado e membro do Senado imperial, que lutou
obstinadamente pela independência
de nossa pátria, honrando a tradição maçônica.
Coube
a outro Andrada e Silva, José Bonifácio, Patriarca da Independência, o
título de primeiro grão-mestre da maçonaria no Brasil.
Vê-se,
portanto, Senhoras e Senhores, o grau e a qualidade do envolvimento da
maçonaria e dos maçons com nossa história, bem como seu relevante e
decisivo papel na constituição
do que viria a ser a nação brasileira.
Em
escala mundial e nacional, a maçonaria esteve, desde seus primórdios,
comprometida com o empenho pessoal no autoaprimoramento e com os avanços
e melhorias da sociedade como
um todo, a partir do envolvimento das pessoas e da filantropia.
Vetor
universal dos grandes e elevados princípios orientadores da Revolução
Francesa, a maçonaria privilegia a dignidade humana e a liberdade
individual, inclusive de culto.
Comprometida com a formação e manutenção de governos democráticos, a
maçonaria sempre impulsionou a educação liberal e pública. Esta última
característica está historicamente evidenciada no decisivo apoio à
criação das primeiras escolas públicas da Europa
e dos Estados Unidos.
A
criação de orfanatos e lares para idosos incluem-se também na agenda
permanente dos maçons em todo o mundo. Além disso, apoia financeiramente
a operação de hospitais infantis
e a pesquisa médica, reafirmando a preocupação constante com o
bem-estar de todos, em especial dos despossuídos.
Como
se pode constatar, a maçonaria, reunindo milhões de adeptos em todo o
mundo, não é apenas passado. É presente e futuro, contribuindo sempre
para o aprimoramento humano.
O
século 21 impõe para todos nós enormes desafios. Ciente da extrema
importância de seu papel formador e multiplicador, a maçonaria no Brasil
estabeleceu uma série de objetivos
em prol de seus membros e de toda a sociedade envolvente.
Permitam-me,
antes de concluir este Pronunciamento, Senhoras e Senhores Senadores,
elencar alguns dos desafios e das propostas que consolidamos para os
próximos anos.
Em
primeiro lugar, queremos criar planos nacionais de saúde e previdência,
com eficiência para assegurar aos Irmãos e seus dependentes o amparo
necessário na maturidade e na
adversidade. Logo, postulamos o fortalecimento dos Grandes Orientes e,
portanto, também das diversas lojas, como forma de atingirmos união e
integração mais fortes e intensas.
Comprometidos
historicamente com a educação, os maçons brasileiros querem criar uma
rede nacional de ensino. A ideia é assegurar formação acadêmica de alto
padrão, que privilegie
a compreensão da condição humana e a importância da solidariedade
permanente, como meios de fazer a sociedade avançar em seus elevados
desígnios.
Um
dos mais nobres compromissos dos maçons, reafirmados agora, está na
criação e ampliação de iniciativas, de âmbito nacional, voltadas para o
combate à fome, à pobreza e a esta
chaga contemporânea: a droga.
Enquadram-se
como objetivos prioritários, de curto e médio prazo, dar grande
visibilidade à maçonaria. A intenção é torná-la mais conhecida e
compreendida pela sociedade, pelas
instituições e pelo Estado. Assim poderemos costurar inúmeros acordos e
parcerias, ampliando o alcance de ações sociais substantivas.
Como
consequência da meta anterior, vamos usar nosso melhor empenho na
reinserção de nossa Ordem no cenário brasileiro, proporcionando maiores
oportunidades aos Irmãos.
Por
fim, e como condição importante para alcançarmos os objetivos
previamente elencados, vamos postular junto ao Governo da Presidente
Dilma Rousseff a concessão de canais de
rádio e televisão, de âmbito nacional. Com modernos veículos de
comunicação, poderemos divulgar nossos princípios, objetivos
permanentes, propostas e ações em favor do Brasil.
Creio,
Sr. Presidente, que celebramos hoje um dia memorável, não apenas por
homenagearmos merecidamente — e perdoem a imodéstia — milhões de maçons,
no Brasil e no mundo. Trata-se
de um dia singular porque os maçons, em sua data magna, enunciam um
conjunto de propostas factíveis para aprimorar as instituições pátrias e
melhorar a vida dos brasileiros.
O
Congresso Nacional, por intermédio de suas duas Casas Legislativas,
certamente haverá de apoiar e auxiliar a maçonaria brasileira nesta sua
caminhada de eminente cunho social.
Esta a grande homenagem que o Senado Federal e a Câmara dos Deputados podem prestar aos maçons neste dia tão especial.
Muito obrigado.
DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inseridos nos termos do art. art. 210, inciso I, §2º, do Regimento Interno.)