Desde
a antiguidade, por religião entende-se a relação do homem para com Deus
ou com o divino. A religião assenta na diferença essencial que existe
entre o homem e o animal, pois os animais não têm nenhuma religião. A
diferença entre o homem e o animal consiste na consciência, na qual o
homem tem por objeto de sua reflexão sua própria essência, sua própria
espécied. Esta consciência pode converter em objeto outra realidade,
outras coisas, de modo especial, seu próprio ser. Sinal disso é o
pensamento, a linguagem e o amor humanos. Essa diferença entre o homem e
o animal não só fundamenta a religão, mas também seu próprio ser
infinito. isso está sua verdade.
Por outro
lado, a falsidade da reigião está em o homem tornar independente de si
mesmo ou seu próprio ser infinito, separando-o e apondo-o como diferente
de si produzindo a bipolaridade Deus e Homem.
O medo do
desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca
levaram o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimônias e
cultos - muitas vezes centrados na figura de um ente supremo - que o
ajuda a compreender o significado último de sua própria natureza.
O ser humano é uma criatura instintivamente religiosa.
Deus é o
nosso mais forte arquétipo. As religioes com seus princípios e
orientações para a busca do superior, do divino, de Deus e de suas leis,
auxiliam extraordinariamente o campo íntimo das criaturas que as
aceitam. Mas será sempre necessário pratircar e exemplificar os ensinos
edificantes e não somente frequentar os templos e executar as cerimônias
exteriores dos cultos religiosos.
A
primeira missão das religiões é provar que existe um Deus que nos criou e
que, se o nosso corpo físico é perecível, a nossa alma é eterna. Provar
também que Deus, pela sua imensidade, está em tudo que existe. E sobre o
respeitoque devemos ter por Deus e a reverência que a Ele devemos
consagrar. As religiões foram sempre um conjunto de práticas pelas quais
os homens simples procuram alcançar a amizade de Deus, os bens supremos
da saúde, da força, da paz, da riqueza. Há a que se aplica
especialmente em purificar a idéia de Deus e em afirmar a
indestrutibilidade do espírito humano; outra em mostrar a existência de
uma Ordem Universal realizando-se por Leis; outra ainda, em exaltar o
sentimento do dever ou amor ao próximo e a compaixão por todas as
criaturas.
Os
valores religiosos verdadeiros, quando não deturpados em sua essência,
constituem-se em poderosos incentivos para o crescimento e iluminação
das almas, por sugerir-lhes, através da fé e da esperança, melhores
condições no pensamento e nas ações.
A
Maçonaria proclama, desde a sua origem, a existência de um PRINCÍPIO
CRIADOR, ao qual, em respeito a todas as religiões, denomina Grande
Arquiteto do Universo.
Em si
própria a Maçonaria não é uma religião. Mas por isso mesmo que se abre a
todos os homens, sem distinção de crenças religiosas. Coloca-se
imparcial entre todas as crenças religiosas e teorias filosóficas, e
acima de todas as suas controvérsias, para fazer da liberdade de
pensamento o seus fundamento. tem o direito de enaltecer o que cada
Religião produziu de melhor.
O
pensamento essencial de nossa liturgia é utilizar todas essas criações
do passado, ou pelos menos, uma parte de suas lendas, de seus simbolos,
de suas cerimônias, para delas tirar os elementos de um sistema
destinado a pôr em evidência as qualidades e as virtudes mais
necessárias ao homem: a prática da solidariedade, a justificação da
tolerância, a apologia do dever e do trabalho, o recurso incessante às
luzes da razão e da consciência, a fé na liberdade e no progresso, a
convicção de que, antes de tudo, convém caminhar de acordo com o poder
que guia o munda pela harmonia e para a retidão.
A
Maçonaria deixa livre a cada um dos seus membros adotar e seguir a
religião de sua eleição, sem que os outros nada tenham a censurar-lhes.
O maçom
deve ser fiel e serviçal entre todos os homens. Sejam eles critãos,
budistas, muçulmanos, judeus, espíritas ou livres pensadores.
Àquele
que é conduzido entre as colunas de seus templos, a maçonia diz: "Aqui
ningém te interpelará pela tua crença, nem te injuriará".
Nossa
Instituição coloca, em primeiro plano, a prática da tolerância ou da
solidariedade, visando mais particularmente ou a glorificação do
trabalho ou o culto da vontade ou da Justiça. O iniciado pode assim
contemplar alternativamente diversas fases do ideal a que aspira,
aprendendo aos poucos, que deve procurar mais longe, e mais alto ainda, a
plenitude da vida superior que deseja atingir subindo a escala das
Iniciações Maçonicas.
Diz-se
que a Maçonaria não deve pronunciar-se entre as filosofias, nem entre as
Religiões. É exato. Entretanto, ela não pode se desinteressar das
conclusões gerais que comportam o movimento do espírito. Ficando
inteiramente alheia às disputas das Escolas e das Seitas. Deve, se
quiser, execer influência moral sobre seus adeptos, orientá-los no
domínio do intelectual para um fim conforme as necessidades e as
aspirações de seu tempo.
A
Maçonaria, sempre ávida pela verdade, sempre pronta a aceitar as mais
ousadas descobertas das ciências, não impondo limite ao livre exame, ela
fica, na esfera do dever, profundamente idealista e soberanamente
intransigente. Nisso reside a doutrina de que se pode prevalecer, sem
faltar a seus princípios de tolerância e de universalidade.
Enquanto
muitos se apegam ao que julgam ser a verdade conquistada, o Maçom
persistem em prosseguir certo de que ela existe em alguma parte e que
está prestes a ser acolhida de onde quer que venha.
A
Maçonaria tem seus objetivos em comum com a religão porque o objetivo de
ambas é a verdade, no sentido mais alto da palavra, isto é, enquanto
Deus, e somente Deus, é a verdade.
A verdade é o todo é o absoluto a este é Deus. Como todo, só e pensável e atingível pela mente humana.
A
Maçonaria não é adversária da religião, mas antes, é a sua melhor
cooperadora. Porém, condena o fanatismo, a obsessão religiosa, a
corlice. Não tolera a hipocrisia.
Resumindo, o principal dever do maçom em matéria de religião é o da prática da tolerância absoluta em relação às crenças alheias,
no elevado intuito de, a despeito dos seus antagonismos, aproximar
todos os homens de boa vontade, sob a bandeira da Liberdade, da
Igualdade e da Fraternidade.