skip to main |
skip to sidebar
Luiz Gonzaga e Seu Profundo Respeito à Maçonaria.
Tão importante para a divulgação da música nordestina, Luiz Gonzaga
também exerceu papel fundamental para o desbravamento da maçonaria no
Sertão pernambucano. Utilizou a influência que tinha para liderar o
grupo que fundaria a Loja Maçônica Força da Verdade, em 1988, a primeira
do Exu. Doou o terreno para a construção do imóvel, comprou materiais e
deu dinheiro para ajudar a levantar a casa, localizada na Rua Joaquim
Ulisses. Na maçonaria, o Rei do Baião encontrou o ambiente ideal para
satisfazer a maior das suas necessidades: ajudar os mais pobres.Entrou para a organização 49 anos atrás, quando ainda morava na Ilha do
Governador, zona norte do Rio de Janeiro. Foi apadrinhado por Florentino
Guimarães. Luiz Gonzaga começou a participar dos encontros ali mesmo,
na loja Paranapuã, localizada próximo a sua residência. Trabalhou para
conseguir telefone, escola, luz e estrada de asfalto para Miguel
Pereira, onde possuía propriedade. Como maçom, chegou apenas ao terceiro
grau, dos 33 níveis possíveis. Mesmo não sendo frequentador assíduo, devido à série de compromissos,
participava dos encontros nas cidades em que visitava, durante as
andanças de sanfoneiro pelo Brasil. "Todo canto que chegava e tivesse
uma loja maçônica, ele fazia questão de se apresentar, visitar e ajudar.
Nós já fomos para Fortaleza, Recife e João Pessoa, e todas foram
testemunhas da presença de Luiz Gonzaga", conta o maçom Almir Oliveira
de Amorim, 49, ex-funcionário do Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe)
no Exu.Da amizade com Almir, iniciada em 1976, anos mais tarde surgiria a ideia
de mobilizar outros sete irmãos maçons para fundar a primeira loja
maçônica do município. "Foi ele quem nos incentivou, deu apoio, buscou
gente fora. Aqui éramos poucos maçons e, para abrir a loja, precisávamos
de mais pessoas. Buscou gente em Ouricuri e em toda a região. Foi ele o
ponto decisivo para inaugurar a loja no Exu", destaca Almir, que foi o
responsável por abrir a conta do artista no Bandepe.
Inaugurada a loja, um ano antes da morte do Rei, as reuniões no Exu
começaram a se avolumar de gente, vinda de toda a região, sendo
necessária a transferência dos encontros semanais da quarta para a
terça-feira. A generosidade que marcou o artista também pode ser vista nas reuniões
maçônicas. Amigo íntimo, Almir conheceu bem a personalidade do
sanfoneiro. "Gonzaga era uma pessoa uniforme, uma sumidade em pessoa.
Era equilibrado, otimista, incentivava a turma para trabalhar
direitinho, pela sociedade, pelo povo, pelos mais pobres, pelos velhos.
Ele tinha essa visão social", recorda o amigo de Gonzagão.Pouco tempo depois do falecimento do Rei, a Força da Verdade passou a se
chamar Loja Maçônica Luiz Gonzaga. Em vida, o sanfoneiro compôs a
música Acácia Amarela, na parceria com Orlando de Silveira. A canção,
segundo os maçons entrevistados, é toda escrita em códigos, só possível
de ser decifrada por quem é maçom ou por quem já participou da
maçonaria um dia.
Diferente do que muitos possam pensar, a organização não é uma
instituição religiosa. "É uma instituição filantrópica, não vinculada a
religiões. Não tem distinção de raça e credo entre os participantes",
lembra o maçom Jonildo Soares de Oliveira, da Loja Maçônica Luiz
Gonzaga. Ele explica o porquê dos encontros serem realizados a portas
fechadas.
"As reuniões são secretas para que não haja interferências do mundo
profano naquelas ideias. Fazer reunião aberta é coisa pra político. A
maçonaria não tem pretensão alguma de divulgar o que faz". Jonildo
resume o objetivo da organização, nascida no Velho Continente. "É uma
instituição que tem por objetivo tornar a humanidade feliz, pelo amor,
pela tolerância, igualdade, respeito à autoridade e à crença de cada
um".
Atualmente, existem cerca de seis milhões de maçons espalhados pelo
mundo. No Brasil, há aproximadamente 150 mil membros e 4,7 mil lojas.