Sr.
Presidente, este pronunciamento que eu faço hoje seria melhor que fosse
feito em janeiro. Mas, em janeiro, estaremos em recesso ou em férias
parlamentares. Então, resolvi
fazê-lo no dia de hoje, até porque a próxima semana será uma semana
atribulada, com várias votações, inclusive a do Orçamento. Esperamos,
portanto, aproveitar esta sessão leve para fazer uma homenagem a uma
figura importante para o Brasil e muito importante
para o Grande Oriente do Brasil, a potência maçônica à qual pertenço e a
potência maçônica mais antiga do Brasil, fundada em 1822, com o fim
específico de fazer a independência do Brasil.
Na
verdade, o primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil foi José
Bonifácio, Ministro do Imperador, chamado Ministro do Reino, e também
Conselheiro do Imperador, que, junto
com outros irmãos maçons que pertenciam também ao Gabinete do
Imperador, mostrou ao Imperador a importância de ser maçon. Inclusive,
esses irmãos que citei tinham saído do Brasil para estudar na Europa,
onde eles obtiveram, vamos dizer, o envolvimento com
as ideias iluministas da liberdade, da igualdade, da fraternidade, da
idéia clara de que todos os homens e mulheres nascem iguais e têm iguais
direitos.
Portanto,
convenceram o Imperador de ingressar no Grande Oriente do Brasil. Logo
em seguida, fizeram-no Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.
Portanto, D. Pedro I foi o segundo
Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil e foi justamente na reunião de
uma loja maçônica com outras presentes que ficou acertado, com o
Imperador, que o Brasil faria a sua independência de Portugal.
Já
vi alguns historiadores dizerem que, ao contrário dos nossos vizinhos
que guerrearam, derramaram sangue para obter a sua independência — por
exemplo, os nossos vizinhos hispânicos
guerrearam com a Espanha, no caso —, nós não guerreamos. Pode-se dizer,
como alguns dizem, que foi uma independência acordada de pai para
filho, já que o Rei de Portugal era pai do Imperador do Brasil.
Na
verdade, isso demonstra até a capacidade maçônica de se obter vitórias
através do diálogo, da concordância e do respeito à diferença de ideias.
Lá mesmo, naquele momento,
existiam duas correntes dentro da Maçonaria que defendiam formas
diferentes de o Brasil fazer a sua independência. Existiam aqueles que
queriam proclamar a República logo de imediato, como foi feito, por
exemplo, na Venezuela, com derramamento de sangue, e
em outros países que são os nossos vizinhos aqui na América do Sul. Mas
prevaleceu aquela corrente que queria a independência, uma
independência através de uma monarquia. Portanto, fazendo uma coisa
gradual, de forma que atingíssemos o objetivo que queríamos,
que era nos tornar independentes de Portugal e, gradualmente, ir
consolidando a nossa independência.
Então,
recapitulando aqui, a Maçonaria, lá no seu nascedouro, através do
Grande Oriente do Brasil, fez a independência do Brasil, com o seu
Grão-Mestre D. Pedro I. Depois, D.
Pedro I, ao deixar o grão-mestrado, justamente porque havia essa luta
muito forte entre republicanos e monarquistas, resolveu se afastar por
um período e José Bonifácio voltou a ser Grão-Mestre do Grande Oriente
do Brasil, sendo Ministro e Conselheiro do Imperador.
Portanto, um homem muito ocupado.
Mas
a imagem que quero hoje aqui ressaltar é a de um homem mais atual, que é
o nosso irmão Francisco Murilo Pinto, que foi na nossa relação de
Grão-Mestre — pode haver alguns
historiadores que vão divergir dessa relação, não fui eu que a
inventei; tirei de um livro maçônico. O Dr. Francisco Murilo Pinto, que
foi Juiz e Desembargador em São Paulo, foi o 33º. Simbolicamente, o de
número 33. Por que ele foi o 33º? Porque alguns grãos-mestres
anteriores a ele — citei aqui já o José Bonifácio, mas vários — tiveram
dois mandatos consecutivos. Então, portanto, individualmente, ele foi o
33º.
E quem era Murilo Pinto? Nome completo: Francisco Murilo Pinto.
Francisco Murilo Pinto nasceu em 1929, em Fortaleza (CE)
[— portanto, coincidentemente, conterrâneo do meu pai —], e fez toda a sua vida universitária e profissional na cidade de São Paulo.
[Como sói acontecer com muita gente do Norte e do Nordeste deste País.] Magistrado desde 1963, aposentou-se no cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Foi iniciado
[na Maçonaria] a 2 de dezembro de 1978, na Loja Maçônica
“Universitária”, de Bragança Paulista (SP). Foi eleito Grão-Mestre Geral
do Grande Oriente do Brasil no ano de 1993, tomando posse a 24 de junho
daquele ano, como Grão-Mestre titular eleito e —
contando com adjuntos em exercício e interinos (…).
Graças
ao seu trabalho à frente do Grande Oriente do Brasil, foi reeleito pelo
povo maçônico em 1998, vindo a falecer a 21 de janeiro de 2001, em
pleno exercício do mandato.
Portanto, nem bem no meio do seu segundo mandato, veio a falecer.
A
gestão do irmão Murilo, no Grande Oriente do Brasil, foi dirigida a
três objetivos principais: o aumento das relações maçônicas
internacionais; o fortalecimento dos Grandes
Orientes estaduais e o incremento da cultura maçônica.
Eu vou repetir porque sei que hoje estão nos assistindo muitos maçons pelo Brasil afora, como também os não maçons.
Eu
pertenço àquele grupo de maçons que entende que a Maçonaria não deve
ser uma Maçonaria fechada para a sociedade, porque, assim, nós não
estaremos colaborando com a sociedade,
não estaremos cumprindo o nosso papel que cumprimos no passado, quando
falei aqui da Independência. Também fizemos a Abolição da Escravatura.
Também fizemos a Proclamação da República. E também vou dizer que o
próprio Marechal Deodoro, que comandou a Proclamação
da República, era Ministro do Imperador D. Pedro II. Portanto, não era
um homem aposentado. Ele, o Marechal Deodoro também, sendo Grão-Mestre,
fez com que, nessa sequência, a Maçonaria estivesse à frente de todos os
acontecimentos importantes para a nossa
Pátria, até então.
Vou
repetir os principais objetivos, por sinal, três principais objetivos: o
aumento das relações maçônicas internacionais, o fortalecimento dos
Grandes Orientes estaduais e
o incremento da cultura maçônica.
No
terreno das relações com as demais Obediências, o Grande Oriente do
Brasil assistiu a um período de intensa atividade, quando o total de
Tratados de Mútuo Reconhecimento
e Amizade com outras Organizações Maçônicas mais do que duplicou em
relação ao que foi encontrado, e quando foi iniciada a série de Tratados
com as Grandes Lojas Estaduais Brasileiras — começando com a Grande
Loja Maçônica de São Paulo —, pondo fim a uma situação
velada de hostilidade, que durava mais de 70 anos.
Vejam
bem. Aqui também é bom esclarecer, porque muitas pessoas que nos
assistem não são maçons, mas isso está nos livros de história escritos
por maçons ilustres, que estão nas
livrarias e qualquer pessoa pode acessar, e eu, sempre que falo da
maçonaria, principalmente no dia 20 de agosto, quando fazemos uma sessão
solene de homenagem à Maçonaria brasileira pelo transcurso do Dia do
Maçom, faço questão de dizer que a Maçonaria não
tem nada de sociedade secreta. Ao contrário, é uma sociedade que tem
acumulado, nos seus ensinamentos, a sabedoria de milênios, de vários
séculos, e que pode ser resumida em alguns princípios, como o amor à
família. Aqui, por exemplo, eu sempre ressalto que
não conheço outra instituição em que um homem, para entrar para uma
instituição, dependa da concordância explícita de sua esposa. E nós, que
somos acusados de sermos um grupo apenas masculino, temos essa
situação, quer dizer, nós dependemos da concordância
da mulher para entrarmos para a Maçonaria. Por quê? Porque a maçonaria
valoriza como item número um a família, que é, como já é um jargão, a
célula
mater da Pátria.
Então,
nós valorizamos a família, temos, por consequência, um amor profundo
pela nossa Pátria e pregamos, sobretudo, a liberdade, a igualdade e a
fraternidade entre todos, independentemente
de religião, de cor, de etnia. Nós realmente buscamos essa unidade.
E
aqui, quando estou falando de que o irmão Murilo colocou fim a, pelo
menos, uma falta de entendimento entre o Grande Oriente do Brasil e a
Grande Loja, começando pela de São
Paulo, é bom que se frise que primeiro surgiu o Grande Oriente do
Brasil. Depois, irmãos do próprio Grande Oriente do Brasil resolveram
fundar, criar aqui as Grandes Lojas, que são uma outra potência
maçônica, frutos, vamos dizer assim, de uma cisão do Grande
Oriente do Brasil. Mas o irmão Murilo buscou fazer com que isso fosse
esquecido e, principalmente, que nós nos uníssemos, de maneira muito
fraterna, como era nosso objetivo.
Quanto
ao fortalecimento dos Grandes Orientes nos Estados, o Grão-Mestrado
Geral incentivou e contribuiu, criando, assim, as condições necessárias
para que os Grandes Orientes
se estruturassem, construindo suas sedes próprias, os que ainda não as
tinham, e, consequentemente, fortalecendo também as lojas
jurisdicionadas.
Isso
é muito importante para nós, maçons, porque é bom que se explique que o
Grande Oriente do Brasil é estruturado mais ou menos como é o nosso
País. Ele tem o equivalente a
um Presidente da República, que é o Grão-Mestre Geral, tem um
equivalente ao Vice-Presidente da República, que é o Grão-Mestre Geral
Adjunto, e tem, nos Estados, o equivalente aos governadores, que são os
Grão-Mestres estaduais, e tem também o equivalente,
vamos dizer assim, aos prefeitos, que são os Veneráveis Mestres.
Mas
acontece que ele, Murilo Pinto, notou que tudo era muito concentrado,
digamos, na Presidência da República, no Grão-Mestrado Geral, e tratou
de fazer esse fortalecimento
dos Grandes Orientes estaduais. E eu me recordo muito bem, eu que sou
de um Estado pequeno, de uma Maçonaria relativamente jovem, embora eu
seja de uma loja que é, até pelo seu número, não é uma loja tão nova.
Então, isso foi muito importante.
Como exemplo
[só para exemplificar essa ação de fortalecimento],
citamos o Grande Oriente do Brasil-Paraná, que, como forma de
agradecimento e reconhecimento, homenageou o Soberano
Irmão Murilo, colocando o nome no suntuoso edifício de sua sede de
Grão-Mestre Geral Francisco Murilo Pinto. No terreno cultural, as
realizações foram imensas, pois, segundo o Soberano Irmão Murilo, só
através da evolução cultural, é que poderá voltar a Maçonaria
a ter o lugar de destaque social que já apresentou no passado.
Isso
é muito importante, porque esses nomes que eu citei e alguns que ainda
vou citar aqui foram, como eu disse, pessoas brasileiras que foram
estudar na Europa e que voltaram,
portanto, com uma cultura geral muito boa, sobretudo, a cultura da
liberdade, da igualdade, da fraternidade, como já disse.
E
foi nesse terreno que foram implantadas ideias virgens no Grande
Oriente do Brasil. Assim, foi criada a Revista Cultural Minerva
Maçônica; foi criado o Conselho Federal
de Cultura; foram implantados rituais de todos os ritos, com base em
estudos fundamentados em publicações originais e em literatura
fidedigna; foram concretizados o Museu Maçônico e a Biblioteca do Grande
Oriente do Brasil em Brasília, sendo-lhes dadas feições
de modernidade em administração bibliotecária e museológica; foi
descentralizada a cultura maçônica e levada, através da criação de curso
itinerante — o Curso Integrado da Maçonaria Simbólica do Grande Oriente
do Brasil — a praticamente todo o País. Por isso,
Francisco Murilo Pinto passou à história como o Grão-Mestre da
integração maçônica nacional e internacional e da evolução cultural,
binômio que colocou o Grande Oriente do Brasil, novamente, no caminho de
seus elevados destinos.
Aqui,
Sr. Presidente, ao homenagear um exemplo de maçom que foi Grão-Mestre,
portanto, dirigente maior do Grande Oriente do Brasil, eu quero também
mencionar — não vou ler todos,
vou pedir a V. Exª que, depois, considere como lido, mas vou ler alguns
— exemplos de maçons que foram Grão-Mestres Gerais do Grande Oriente do
Brasil, portanto, a autoridade máxima administrativa do Grande Oriente:
José Bonifácio, já citei, que era Ministro
do Reino e Conselheiro do Imperador; D. Pedro I, que foi Imperador;
Antonio Francisco Holanda Cavalcanti, que foi Deputado Federal, Senador e
Ministro, portanto, não era um homem desocupado; Miguel Calmon du Pin e
Almeida, que foi Visconde, Marquês e Diplomata;
Luís Alves de Lima e Silva, que foi Senador e Primeiro-Ministro; Bento
da Silva Lisboa, Barão e Diplomata; Joaquim Marcelino de Brito, Deputado
e Ministro; José Maria da Silva Paranhos, que foi o famoso Barão do Rio
Branco, que fez um trabalho muito importante
de reconhecimento das nossas fronteiras; Francisco José Cardoso Júnior,
Marechal e Deputado; Luiz Antônio Vieira da Silva, Deputado e Senador;
João Batista Gonçalves Campos, jornalista e advogado; Manuel Deodoro da
Fonseca, nosso Marechal Deodoro, que foi
Marechal e Presidente da República; Antônio Joaquim de Macedo Soares,
advogado e juiz; Quintino Bocaiuva, que foi Ministro e Senador; Lauro
Nina Sodré, mais conhecido como Lauro Sodré, que foi Governador do Pará e
Senador da República; Francisco Glicério de
Cerqueira Leite, que, embora tenha sido um Grão-Mestre interino, era
Ministro também; Nilo Peçanha, que foi Senador e Presidente da
República; Mário Marinho de Carvalho Behring, que era funcionário
público; Vicente Saraiva de Carvalho Neiva, Ministro do Superior
Tribunal Militar; João Severiano Hermes da Fonseca, General e médico;
Octávio Kelly, Deputado Estadual e jornalista; José Maria Moreira
Guimarães, General e Deputado Federal; Joaquim Gonçalves Neves,
advogado; Benjamin Sodré, Almirante; Cyro Werneck de Souza
e Silva, Advogado; Moacyr Arbex Dinamarco, médico e produtor; Osmane
Vieira de Andrade, odontólogo; Osires Teixeira, Deputado Estadual e
depois Senador que foi o responsável por trazer para Brasília a sede do
Grande Oriente do Brasil, que originalmente era
no Rio de Janeiro, no conhecido Palácio do Lavradio; Jair Assis
Ribeiro, empresário de Goiânia; Enoc Vieira, Deputado Federal; Francisco
Murilo Pinto, que homenageamos hoje, juiz e desembargador; Laelsio
Rodrigues, industrial em Sorocaba, no Estado de São
Paulo, que, portanto, não sendo um homem desocupado, foi um excelente
Grão-Mestre; e o atual Grão-Mestre Marcos José da Silva, servidor
público aposentado.
O
que eu quero dizer ao Brasil, aos telespectadores da TV Senado, aos
ouvintes da Rádio Senado é que eu, como tantos outros que aqui estão
nesta tribuna de honra, mas também
aqueles que aqui não estão e nos assistem, nós sonhamos em ter um
Grande Oriente do Brasil, que está bem, do ponto de vista de que tem
feito um bom trabalho, mas que pode fazer muito mais, principalmente em
função do capital humano que tem, tanto dos irmãos
maçons que são de diversas profissões. Eu sou médico, mas existem
economistas; meu filho, por exemplo, é Juiz de Direito e é maçom; tenho
um genro que é Procurador do DF e é maçom. Nós temos profissionais de
todas as áreas; economistas, administradores, empresários,
todos os tipos. E não é como alguns pensam, que a Maçonaria só aceita
quem é rico. Ao contrário, exigimos apenas que quem entra para a
Maçonaria tenha condições de poder contribuir, primeiro. com as
obrigações quequalquer instituição cobra de seus associados,
e, depois, com as obras sociais que a Ordem faz.
O
fundamental é que, com tanta história no passado, nós não estejamos no
presente, hoje, com tanta coisa por fazer e não estejamos sabendo usar
esse capital humano que temos,
dos irmãos, das esposas dos irmãos, que chamamos de cunhadas e que
fazem um trabalho magnífico em uma instituição chamada Fraternidade
Feminina Cruzeiro do Sul, e, na verdade, eu até diria, fazem muito mais
no ponto de vista de serem invisíveis pela sociedade
do que nós, maçons homens.
Eu
quero, portanto, dizer que é muito importante termos a consciência de
que sentimos de norte a sul, de leste a oeste, que é chegada a hora de o
Grande Oriente do Brasil fazer
mais, avançar mais, poder mais, porque se temos essas coisas que
citamos como feitos importantes da nossa história no século XIX, o mesmo
não podemos dizer do século XX e mesmo no século XXI, onde já gastamos
mais de uma década. Portanto, o que queremos é,
de fato, uma instituição harmônica com as suas coirmãs — vamos dizer
assim —, as grandes lojas, o Grande Oriente Independente, a Comab, para
que possamos fazer um trabalho mais forte em benefício da sociedade em
vários campos, no campo moral, no campo ético,
no campo social. O mais importante é que a gente possa, de fato, dar
passos mais arrojados. Ousemos mais.
E
nesse sentido, nós teremos, em março, a eleição para o grão-mestrado
geral do Grande Oriente do Brasil, e pelo menos quatro chapas deverão
disputar essas eleições. Tenho certeza
que serão eleições disputadas dentro dos nossos princípios de
fraternidade com os irmãos candidatos que pensam ou têm enfoques
diferentes sobre como conduzir a nossa instituição, respeito a essas
idéias divergentes, tolerância com as dificuldades que podem
existir entre pensar de um jeito e pensar de outro. Mas nós, maçons,
nos chamamos de livre pensadores. Portanto, é bom que pensemos
diferente, mas que tenhamos um objetivo comum, que é o de bem servir à
humanidade, que é de fato, como fizeram os nossos irmãos
no passado, transformarmos a nossa sociedade.
E
eu quero aqui registrar que o irmão Sérgio Soares, que está ali na
tribuna de honra, é candidato a grão-mestre adjunto do Grande Oriente do
Brasil, na chapa em que eu tenho
a honra de ser o candidato a grão-mestre geral.
Espero
que as quatro candidaturas postas possam de fato fazer um bom debate,
um debate aberto, um debate sincero, que as eleições possam transcorrer
de maneira bem correta, e
nós possamos ter avanços, porque, na verdade, nós queremos sempre fazer
progressos na Maçonaria. Mas nós queremos fazer, sobretudo, que a
Maçonaria volte a ser uma instituição que possa estar, como esteve lá no
início do nosso País, com a Independência, a
Proclamação da República e a abolição da escravatura… Que nós possamos
ser agentes atuantes, agir inclusive de maneira moderna, como exige o
século XXI, e que nós possamos de fato, qualquer que seja o vencedor,
fazer esse desafio de melhorar cada vez mais
a nossa atuação, porque se há uma coisa que faz mal ao ser humano,
Senador Gurgacz, é o conformismo, é a acomodação com o que está, como se
já tivéssemos atingido o patamar máximo do nosso trabalho.
Martin
Luther King disse que o que mais assusta não é o grito dos maus, mas o
silêncio dos bons. E nós, na Maçonaria, não podemos ficar silentes,
diante, por exemplo, do que
nós estamos assistindo no Supremo Tribunal Federal, um julgamento
histórico contra uma corrupção, que todos nós sabemos que existe. Mas eu
ouço pessoas de bem, pessoas que têm capacidade de interagir dizerem:
Isso não tem jeito, não. Isso é assim mesmo. Todo
mundo que vai para lá é desse jeito. Todo mundo é corrupto. Todo mundo…
Então, aos nos conformarmos com isso, ficamos em silêncio e não temos,
portanto, bandeiras para que a sociedade entenda por que existimos.
Mas
eu posso afirmar para a sociedade não maçônica que a Maçonaria age, e
age muito, embora, no meu entender, esteja agindo de maneira a não ser
compreendida. Usando um linguajar
ou pelo menos um dito que foi cunhado por um grande comunicador, que
era o Chacrinha, que dizia que quem não se comunica se trumbica. Na
verdade, eu diria até que, aqui no Senado, quebrei um paradigma, que foi
o de fazer uma sessão solene de homenagem à Maçonaria;
de vir a tribuna falar claramente sobre a Maçonaria; de vários irmãos,
nós somos aqui 7 Senadores que são maçons, falarem também; de alguns
Senadores que não são maçons, mas que conhecem a história, virem e
também falarem; de algumas Senadoras que têm, digamos
assim, conhecimento, ou porque tiveram parentes na sociedade maçônica
ou porque acompanham a história da Maçonaria…
Eu
tenho certeza de que essa postura, ao contrário do que pensam alguns
conservadores, contribui para acabar com os mitos que ainda existem
contra a Maçonaria, mitos que ainda
são explorados no dia de hoje, como, por exemplo, o de que somos uma
sociedade que temos pacto com o demônio. Isso é uma mentira deslavada,
inventada lá na época da Inquisição, para justificar que muitos irmãos
fossem queimados na fogueira e que pudessem ser
perseguidos, carimbados de hereges, porque não obedeciam ao comando dos
reis e dos papas.
Hoje,
nós queremos fazer o contrário, nós queremos pacificar, queremos que a
Maçonaria possa ter uma boa relação com a religião, queremos que as
religiões atualmente entendam
— e felizmente algumas já entendem —, Senador Gurgacz, que nós não
somos uma religião, mas nós somos uma instituição religiosa. Por quê?
Porque só entra para a Maçonaria quem tem uma religião ou quem, de
alguma forma, acredita em Deus. Como é que ele chama
esse Deus? Não interessa para nós se é Jeová, Alá, ou Deus, como chamam
os cristãos. O que importa é que creia em uma entidade superior, que
nós maçons chamamos de Grande Arquiteto do Universo.
Então,
quero encerrar meu pronunciamento, pedindo a V. Exª que autorize a
transcrição dessas duas matérias a quem referi, cumprimentando os irmãos
que estão aqui presentes, mas
cumprimentando os irmãos de todo o País, dizendo que numa era em que
estamos aí ligados
on line de todas as formas, nas redes sociais, por telefone, nós
seremos muito mais capazes de fazer muito mais pela nossa sociedade do
que fizeram os nossos irmãos no passado, quando as comunicações e os
deslocamentos eram feitos a cavalo. Coincidentemente,
é só ver a figura reconhecida nacionalmente. Onde estava D. Pedro I
quando deu o grito de Independência? Em cima de um cavalo, às margens do
riacho Ipiranga, lá em São Paulo. Como estava o Marechal Deodoro quando
proclamou a República? Em cima de um cavalo,
lá no Rio de Janeiro. Então, nós não precisamos mais andar a cavalo e,
portanto, temos que fazer muito mais do que eles fizeram quando as
comunicações e o transporte eram feitos por esse meio.
Então,
quero encerrar o meu pronunciamento, mandando a todos irmãos do Brasil
um tríplice e fraternal abraço, e especialmente à família do meu mestre
eterno, Francisco Murilo
Pinto, pela passagem de mais um ano de seu falecimento, que vai
acontecer no dia 21 de janeiro, portanto, como em janeiro nós estaremos
de férias, eu estou antecipando essa homenagem a esse homem que é um
símbolo da Maçonaria moderna.
Muito obrigado.